Eleitores afirmam que políticos só pensam em si mesmos, mostra pesquisa
Pelo menos 55% dos eleitores japoneses não confiam em políticos, enquanto 44% acreditam, revelou uma pesquisa feita pelo jornal Asahi. A predominância entre os que desconfiam dos discursos de líderes políticos, governadores, prefeitos ou parlamentares é entre os jovens.
Segundo o levantamento, 70% dos entrevistados com menos de 40 anos disseram não confiar na política, contra pouco mais de 40% entre aqueles com 60 anos ou mais.
O grau de desconfiança também foi dividido entre filiações partidárias. Até 74% dos eleitores não afiliados disseram que não confiam na política.
Com relação aos partidos, 62% disseram que que apoiam o principal partido da oposição, o Partido Democrático Constitucional do Japão, e 61% dão suporte ao Nippon Ishin no Kai (Partido de Inovação do Japão), outro partido da oposição.
Para efeito de comparação, a proporção foi de 30% entre os que apoiam o Partido Liberal Democrático, que está no poder, e de 36% entre os que dão suporte ao Komeito, seu parceiro de coalizão.
A pesquisa foi feita com as questões enviadas por correio a 3.000 eleitores selecionados aleatoriamente em 28 de fevereiro. O jornal recebeu 1.967 respostas válidas, ou 66% do total.
Os eleitores foram convidados a escolher entre quatro avaliações sobre a política japonesa: 11% disseram que “não confiam nada na política” e 44% responderam que “não confiam muito na política”.
Em contraste, 42% dos entrevistados disseram que confiam na política “até certo ponto” e apenas 2% disseram que confiam “muito”.
O jornal fez o mesmo levantamento na primavera de 2020, quando Shinzo Abe era primeiro-ministro, e outro em 2021, já com Yoshihide Suga como premiê do Japão. Porém, a tendência de não acreditar em política foi a mesma nos dois casos.
Para 82% dos eleitores, os legisladores no Parlamento japonês priorizam seus interesses pessoais em detrimento das necessidades da nação.
Apenas 10% acreditam que os parlamentares se preocupam com o presente e o futuro do Japão.
A pesquisa apontou que 54% dos entrevistados acreditam que os políticos concentram seus esforços em criar projetos que favorecem os idosos, pois são estes que frequentemente participam das votações mais do que os jovens, enquanto 43% pensam o contrário.
Entre os jovens na faixa dos 18 aos 29 anos de idade, 79% acham que as políticas elaboradas pelos líderes são voltadas mais aos idosos, muito mais do que os 34% dos eleitores com 70 anos ou mais.
Para 80% dos entrevistados a chamada “política hereditária”, quando um membro da família de um político também entra na vida pública com apoio da base de seu parente, é “desfavorável”, enquanto 9% acham que é positiva.
No Partido Liberal Democrático (PLD), cinco que serviram como primeiro-ministro nos últimos anos, inclusive o atual, Fumio Kishida, são filhos de políticos. Suga foi a exceção.
O professor de Ciências Políticas da Universidade de Chuo, Koji Nakakita, analisou que os eleitores não afiliados a partidos estão aumentando, principalmente entre jovens.
Como estes não recebem informações em primeira mão de políticos e partidos e não sabem sobre suas atividades, tendem a nutrir suspeitas de que os políticos estão apenas perseguindo agendas de interesse próprio.
“Se o distanciamento dos eleitores está levando à desconfiança na política, os políticos e os partidos políticos devem construir relacionamentos cotidianos com os eleitores, em vez de envolvê-los apenas durante as eleições”, disse ele.
FONTE: ALTERNATIVA ON LINE