Brasileiro que trabalhava em hotel entra na Justiça por demissão injusta após ter recusado hospedagem de israelense
Um brasileiro que trabalhava como gerente do Hotel Material, em Quioto, entrou na Justiça na segunda-feira (11) contra a empresa administradora do hotel, Lux, após ser demitido por ter recusado a hospedagem de um homem israelense em junho deste ano, informou o Kyoto Shimbun.
O brasileiro quer seu reconhecimento como funcionário por parte da empresa, argumentando que a demissão foi injusta. Além disso, segundo o jornal Yomiuri, ele exige 5,6 milhões de ienes referentes a salários não pagos e outros motivos.
Entenda o caso
Em uma coletiva de imprensa na segunda-feira, o brasileiro explicou que, no dia 11 de junho, recebeu uma reserva do israelense. Com base em informações das redes sociais, o ex-gerente suspeitou que ele poderia ser um militar ativo das forças de Israel e enviou uma mensagem dizendo que, “devido à possibilidade de crimes de guerra relatados na Faixa de Gaza, não poderia aceitar a reserva”.
O brasileiro considerou que, se aceitasse a hospedagem, poderia estar apoiando os ataques em Gaza que, na sua visão, violam leis internacionais.
Trechos da conversa dele com o israelense por mensagens foram parar nas redes sociais, gerando grande polêmica na época.
A prefeitura de Quioto afirmou que recusar hospedagem por motivo de nacionalidade viola as leis japonesas e emitiu uma orientação administrativa baseada nessa legislação.
A empresa solicitou que o brasileiro assinasse um compromisso para priorizar o trabalho sem interferências de crenças pessoais, com a possibilidade de transferência a uma empresa associada caso ele se recusasse. O brasileiro não aceitou e foi demitido em 11 de julho.
Ele afirmou que o empregador deveria ter buscado maneiras de manter seu emprego sem violar sua liberdade de crença.
“É errado ser demitido por tentar proteger a humanidade e o direito internacional”, disse o brasileiro na coletiva, após ter entrado com a ação judicial no Tribunal Regional de Quioto.
Um representante da empresa disse ao Kyoto Shimbun que a demissão foi apropriada, mas evitou fazer mais comentários alegando não ter recebido o processo oficialmente.
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