Ações da Oi (OIBR3) fecham em alta de quase 11% com expectativa por reunião da Anatel na sexta sobre venda dos ativos móveis
As ações da Oi (OIBR3;OIBR4) registram uma sessão de alta na B3 nesta quinta-feira (27), com as duas classes de ativos chegando a ter ganhos no intraday superiores a 10%. Os papéis OIBR3 avançaram 10,99%, a R$ 1,01, e os ativos OIBR4 tiveram ganhos de 10,74%, a R$ 1,65.
No radar da companhia, está o tão esperado avanço na venda dos ativos móveis da companhia para as suas concorrentes TIM (TIMS3), Vivo (VIVT3) e Claro. A parte de telefonia móvel da operadora em recuperação judicial foi arrematada em leilão judicial por R$ 16,5 bilhões, no final de 2020.
Às 10h (horário de Brasília) da próxima sexta-feira (28), o conselho diretor da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) analisa a operação nesta sexta-feira em reunião extraordinária, podendo representar mais um passo para a alienação do ativo.
O parecer de análise da transação será apresentado pelo relator Emmanoel Campelo, sendo submetido em seguida à votação. Há a possibilidade de adiamento da decisão com pedido de vista de outro integrante da diretoria da agência reguladora.
A operação também precisa ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A expectativa de aprovação pela autarquia, por sinal, movimentou as ações na semana passada.
Os papéis da Oi chegaram a saltar 15% no dia 18 de janeiro com a possibilidade de que o Cade analisasse a operação em sessão extraordinária no último dia 26, o que não se concretizou. Porém, a expectativa é de que o Conselho antitruste analise a operação em breve.
Em breve análise, o Bank of America destacou esperar que o Cade aprove a transação entre as companhias em meados de fevereiro, enquanto também espera a concessão da anuência prévia à operação pela Anatel na sessão de amanhã.
Sem cobertura para as ações da Oi, o BofA reiterou recomendação de compra para os papéis da TIM com preço-alvo de R$ 17 (ou potencial de valorização de 34% em relação ao fechamento da véspera). A recomendação para a América Móvil, controladora da Claro no Brasil, cuja ação é negociada na Bolsa mexicana, também é de compra. Os analistas reforçam que ambas as empresas devem ser as principais beneficiárias do negócio, já que TIM e Claro devem receber, respectivamente, 40% e 32% da base de clientes da Oi.
Já para Telefônica Brasil a recomendação é neutra, com preço-alvo em R$ 50, ou potencial de valorização de 4,6%.
Expectativas para o Cade
Com relação ao Cade, independentemente da data, o analista Ricardo Schweitzer destacou em entrevista ao Radar InfoMoney na semana passada (veja no vídeo abaixo) que acredita que o Conselho deva impor algumas restrições para mitigar o risco de concentração de mercado da operação, mas avalia que as chances da compra não ser aprovada são mínimas.
Schweitzer explicou que a Oi deve embolsar em breve o valor da compra dos ativos, ganhando capacidade para sair da recuperação judicial e tocar suas operações, que serão focadas em telefonia fixa e banda larga.
Essa nova empresa, sem a parte de telefonia móvel, já está sendo apelidada de “Mini Oi”. “Uma empresa pouco endividada, com um braço de infraestrutura como sócio estratégico [a V.tal, de fibra óptica] e um braço próprio B2C”, afirma o analista.
Para Schweitzer, essa conjuntura poderia, enfim, destravar valor para as ações da companhia. “A partir do momento em que a empresa sai da recuperação judicial, ela se torna elegível para o investimento de uma série de investidores institucionais, como os fundos e volta para o radar. Porém, o desafio da empresa, depois de pagar suas dividas, é apresentar melhoras operacionais”, disse ele.
Entre os desafios da Oi pós-recuperação judicial, estão a expansão da base de assinantes da banda larga, um segmento que demanda investimentos e está bastante competitivo. Schweitzer lembra que provedores regionais se capitalizaram ao longo dos últimos anos, acirrando a disputa. “Paralelo a isso, a Oi precisará conseguir mais contratos para a V.Tal, de integração de provedores e 5G, para rentabilizar mais esses ativos”, explica o analista.
FONTE: INFOMONEY ( POR Lara Rizério,Mitchel Diniz)