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Estudo sobre impacto da defesa agropecuária aponta relevância de programas do Mapa

O Brasil está conseguindo preservar 46.402 empregos diretos e indiretos e manter uma movimentação econômica de R$ 13,5 bilhões ao mobilizar o setor produtivo para prevenir a ocorrência no país de casos de influenza aviária, também conhecida como gripe aviária. O estudo da FGV Agro foi apresentado na tarde de terça (28), durante o Seminário de Especialistas em Defesa Agropecuária (Sedagro) realizado na Expomeat, 4ª Feira Internacional para a Indústria de Processamento de Proteína Animal e Vegetal. O evento segue até quinta (30) no Anhembi, em São Paulo.
Os resultados foram apresentados pela pesquisadora Talita Priscila, do Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas, durante um painel que discutiu a influenza aviária, assunto que preocupa a Defesa Agropecuária de vários países. Segundo Talita, se a doença chegasse ao país, haveria perda direta de R$ 7,3 bilhões em exportações do agronegócio, o que ocasionaria prejuízos indiretos de R$ 6,1 bilhões em outros setores da economia.
A abordagem metodológica do estudo considerou o uso de um modelo que define a probabilidade da entrada e ocorrência da doença no país, considerando a série histórica de doenças já ocorridas no Brasil ou em países vizinhos. A gripe aviária pode entrar no país pela circulação de aves migratórias. Até o momento, nenhum caso de influenza aviária de alta patogenicidade foi registrado no Brasil.
Se por um lado os riscos preocupam, por outro o país vem registrando aumento significativo da produção e exportação de aves. De acordo com informações apresentadas no evento pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), mais de 50 países registram focos ativos da doença. De 1º a 28 de março, 197 eventos foram reportados, sendo 153 na Europa, dois na África, nove na Ásia e 33 nas Américas.
Sulivan Alves, diretora técnica da ABPA, lembrou que desafios geram oportunidades e que o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) vem desenvolvendo um trabalho primoroso. Como o Brasil vem conseguindo conter a influenza aviária, o mercado permanece aquecido. Segundo ela, há 21 mercados que apresentam requisito inicial de país livre da doença, ou seja, exigem a não ocorrência de casos. “Mas há atualmente 23 mercados que admitem que os produtos sejam oriundos de zona ou compartimento livre”, afirmou. Para esses países, a exportação de zonas não atingidas poderia ser mantida, caso houvesse algum foco pontual.
Anne Pierre, representante do Conselho de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), disse que o Brasil pode ser considerado privilegiado porque as aves migratórias ainda não trouxeram a doença e “temos a possibilidade de aprender com os países vizinhos”. Segundo a ABPA, até dia 28 o registro de casos na América do Sul contabilizava: Equador (15), Peru (16), Chile (54), Bolívia (16), Venezuela (1), Colômbia (9), Uruguai (3) e Argentina (60).
No final do painel, a coordenadora de Assuntos Estratégicos do Departamento de Saúde Animal do Mapa, Anderlise Borsoi, apresentou o plano de contingência desenvolvido em todo o país. Segundo ela, os casos podem ocorrer em aves silvestres migratórias, aves de subsistência e granjas comerciais. “Se ocorrer em granjas, a situação sanitária do país muda totalmente”, afirmou. A vigilância ocorre de forma passiva, quando casos são notificados, ou ativa, quando agentes da defesa conseguem ir a campo para coletar material.
De acordo com vários palestrantes do Sedagro, a Defesa Agropecuária brasileira é considerada de excelência e referência mundial. Exames que comprovam a doença na América do Sul têm sido feitos nos laboratórios do Mapa de São Paulo e Rio Grande do Sul. Anderlise disse que já foram testadas mais de 45 mil amostras coletadas no Brasil e todas deram resultado negativo para a alta patogenicidade.
ABERTURA
Antes do painel sobre a influenza aviária, participaram da abertura do Sedagro o secretário adjunto de Defesa Agropecuária do Mapa, Márcio Rezende, a superintendente de Agricultura e Pecuária de São Paulo, Andréa Moura, e o presente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical), Janus Pablo.
Márcio Rezende aproveitou a oportunidade para falar rapidamente sobre a lei de autocontrole, aprovada no final de 2022. Segundo ele, diferente do que se pensa, a maior participação das empresas no controle sanitário não vai limitar a fiscalização do Mapa. “A nova sistemática vai ampliar a necessidade de fiscais, que serão demandados para analisar um volume imenso de dados”, afirmou.

Andréa Moura falou do trabalho dos servidores em São Paulo, estado que concentra grande volume das empresas fabricantes de produtos veterinários, de fertilizantes e de bebidas, mas o quadro de pessoal não segue a mesma proporção. A dedicação das equipes, a criatividade dos servidores e o apoio eventual de outros estados têm ajudado a manter os serviços prestados.
Janus Pablo defendeu a ampliação do orçamento da Secretaria de Defesa Agropecuária e a realização de concurso público para recompor o quadro de auditores fiscais. “Precisamos sensibilizar o Ministério da Gestão e Inovação porque precisamos de concurso urgente. Temos ao menos 1.200 vagas de auditores em aberto”, afirmou. Hoje o Mapa tem 2.380 auditores fiscais, sendo 900 atuando no Serviço de Inspeção Federal (SIF), também considerado referência mundial.

PRÊMIO

Na abertura da Expomeat, pela manhã, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, recebeu o prêmio ‘Carne Forte’, na categoria Governo Federal. O prêmio é oferecido pela Expomeat a personalidades importantes do setor, indicados por entidades, empresas fornecedoras para frigoríficos e imprensa especializada.
Como Fávaro está em missão na China, a premiação foi recebida pela superintendente Andréa Moura, que falou do empenho do Mapa para a abertura de mercados para o agronegócio do país.

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